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quarta-feira, 28 de julho de 2010

chaves da Vaguidão

Era um bar da moda naquele tempo em Copacabana e eu tomava meu uísque 
em companhia de uma amiga. O garçom que nos servia, meu velho conhecido, 
a tantas horas se aproximou:
- Não leve a mal eu sair agora, que está na minha hora, mas meu colega ali 
continuará atendendo o senhor.

Ele se afastou, e eu voltei ao meu estado 
de vaguidão habitual. Alguns minutos
 mais tarde, vejo diante de mim alguém
 que me cumprimentava cerimoniosamente com um movimento de cabeça:
- Boa noite, Dr. Sabino.

Era um careca, de óculos num terno preto 
de corte meio antigo. Sua fisionomia me
 era familiar, e embora não o identificasse assim à primeira vista, vi logo que devia 
se tratar de um advogado ou mesmo desembargador de minhas relações, do
 meu tempo de escrivão. Naturalmente disfarcei como pude o fato de não estar
 me lembrando de seu nome, e me ergui estendendo-lhe a mão:
- Boa noite, como vai o senhor ? Há quanto tempo! Não quer sentar-se um pouco?
Ele vacilou um instante, mas impelido pelo calor de minha acolhida, acabou 
aceitando: sentou-se meio constrangido na ponta da cadeira e ali ficou, erecto,
 como se fosse erguer-se de um momento para o outro. Ao observá-lo assim de 
perto, de repente deixei cair o queixo: sai dessa agora, Dr. Sabino! Minha amiga 
ali ao lado, também boquiaberta, devia estar achando que eu ficara maluco.
Pois meu desembargador não era outro senão o próprio garçom –
 meu velho conhecido! – que nos servira durante toda a noite e que havia 
trocado de roupa para sair. (...)

                 Fernando Sabino. A falta que ela me faz.
                4.ed. Rio de Janeiro. Record, 1980.p.143-4

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sabe-se lá

E ele não me disse o que procurava ou entao o que gostaria de sentir com todas aquelas formas de exibicionismo mas, mesmo assim, tive um preludio e demonstrei o que queria. Fiquei a me deixar levar pelo solto som que a electro music fazia. Não sei que som era, ou se era o ludico que dominava meu interior a ponto de explodir em uma levada da swingueira. Sei que algo intrínseco gritava e eu fingia não ouvir. Eu quis o levar , porém ele não quis ser levado. Entao, deixei que o rumo se proceguisse. Não sei se fiz certo. acho que para o momento e lugar errado não foi.
É bom desconfiar dos bons elementos, pois os maus nós já sabemos que não vão fazer o certo e já vamos preparados, sem direito a desculpas. Porque que ele é assim? porque ele fez isso? não imagino.
E assim eu me encontrei olhando para o teto do quarto pensando, será que não deveria ter agarrado ele, ter demosntrado que não iria deixa-lo ir sem ser meu. Mas não fiz, mas tô pronto, mesmo não sabendo para quê.
    Bons ventos retornarão, trarão-o consigo.

...

"Por que ver é permitido
e sentir é perigoso."
Caio Fernando Abreu.
Que tinha saído sem vontade, estava na cara. Chovia e deschovia, e ainda sempre tem toda aquela tensão de provas e realidades. Eu realmente me perco nessas situações, e nem festa de ogum, pão sagrado e benzedera deu resolvição, palavra que eu resolvi resolver inventar, pra dar mais sentido a uma dor que eu quis que fosse só minha.
Bom, então eu saí, enfim, os meninos iam tocar e eles tocam, e eu também precisava de sair, mesmo sem ter feito nada e sem perceber o quanto que o deschovia me irritava, cheia de idéias e entrevistas pra monografia, cheia de idéias pra prova do museu, cheia de idéias mas todas elas num baralho que eu confundo, que eu me hibridizo, que acontece, eu sei, que acontece.
Mas eu saí de casa, bebi um pouco, tinham pessoas coloridas, além de um monte de amigos que valem a pena rever vira e mexe. Era uma cor que me desarmou de cara e eu fiquei assim, nessa desnudez absurda, até que me deu fome.
Eu comprei um caldo de feijão que foi pretexto.
Depois dele eu já me vejo hoje, escrevendo tudo.
Eu tento dizer algo melhor do que eu te vejo, girando, com tantas cores, e eu me senti naquela paz devagar de quando se tem tempo de ter paz, eu pensei em dizer, fica, vai ficando, fica aí, de um jeito quase mais sincero, ou tentar te descrever sem essa coisa de remendo, de tipos, mas você era tão estranho e agora não desgruda da minha cabeça, e eu penso que é praga, que é algo que tem em pessoas coloridas, mas eu descobri que na verdade é só porque você tem um monte de coisa que eu gostaria de saber, mas que não fosse piegas ou que escorresse mel disso. É um pensamento e eu ia dizer, mas eu não digo essas coisas. Eu fico encarando mesmo, com esse olhar remendado. Em preto e branco.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cafuçu

Cafuçu. Neologismo criado neste corrente século para designar alguns exemplares rústicos de homens. E seguiu o inevitável destino de toda palavra nova, caiu na banalização. Como resultado, cafuçu passou a ser qualquer um, só depende de quem chama. O que é uma injustiça, justiça seja feita. Tem gente que fala e não sabe nem do que se trata. Embarca no modismo engraçado da expressão e tome adjetivação cafuçônica.

É injusto porque cafuçu tem um valor que passa longe da trivialidade. Com grande disposição e competência sexual, é um tipo sociológico de grande utilidade pública. Rígidos com palavras e doces como amantes, não costumam deixar mulheres carente na mão - literalmente. A corrente de prata (?) no pescoço, logo estabelece o filo dessa espécie masculina. Uma liturgia de consagração. Se ficar na dúvida, dá para arrematar a certeza observando outras peças na indumentária: bermuda estampada ou jeans (desbotada), camiseta regata, sapato coyote, Ray-ban aviador made in Dantas Barreto. Seja usado tudo junto ou separado. Cafuçu de verdade não tem pudor.

De aspecto físico, bigode afinado, cabelo com algum efeito de (bom) gosto duvidoso e um corpo bem trabalhado. Fruto de um trabalho muscular de todo santo dia, o físico arremata suspiros. Sarado é redundância, é algo próximo a malicioso. O braço então, é chave de prisão perpétua, sem direito a banho de sol. O membro superior também é o responsável em tirar a carteira e o celular e colocar em cima da mesa do bar. Dono hábitos rudes e de refinamento algum, no ônibus, por exemplo, não se intimida em ouvir suas músicas em um volume coletivo. No bufê de festas, é o primeiro a descobrir a porta entre a cozinha e o salão, e oferece propina ao garçon em troca de um "atendimento especial".
Existem em todas as profissões, acredite. Muito embora, em alguns ofícios é barbada encontrá-los: motoboy, jogadores de futebol, entregadores em geral, garçons, caixas de supermercados, policiais, bombeiros, instrutores de auto-escola, músicos de banda... a lista é longa. Em linhas gerais, é o trabalhador braçal, que sabe trocar uma lâmpada, um botijão de gás, pintar uma parede. “Um homem não para conversar, mas para levar para a cama e resolver seus problemas”, simplifica uma amiga. Já uma outra, profunda conhecedora da alma humana, também tenta definir. “Cafuçu é aquele sujeito que não tem muito requinte intelectual nem disposição financeira. Tampouco liga para moda. Mas que te leva no forró e te faz sentir mulher”.

Alguém já disse que a humanidade se divide entre os que usam e não usam guarda-chuva. Eu vou além, acho que, na verdade, as pessoas se distinguem quando assumem que gostam de um cafuçú e quando mentem. Afinal de contas, cafuçu é irresistível porque põe a boca em tudo.

                                                                                                                   Eduardo Sena

domingo, 18 de julho de 2010

Tiziano Ferro - Imbranato

musica

Sere Nere

Ripenserai agli angeli
Al caffè caldo svegliandoti
Mentre passa distratta la notizia di noi due
Dicono che mi servirà
Se non uccide fortifica
Mentre passa distratta la tua voce alla tv
Tra la radio e il telefono risuonerà il tuo addio

Di sere nere
Che non c'è tempo
Non c'è spazio
E mai nessuno capirà
Puoi rimanere
Perché fa male male
Male da morire
Senza te
Senza te
Senza te

Ripenserei che non sei qua
Ma mi distrae la pubblicità
Tra gli orari ed il traffico lavoro e tu ci sei
Tra il balcone e il citofono ti dedico i miei guai

Di sere nere
Che non c'è tempo
Non c'è spazio
E mai nessuno capirà
Puoi rimanere
Perché fa male male
Male da morire
Senza te

Ho combattuto il silenzio parlandogli addosso
E levigato la tua assenza solo con le mie braccia
E più mi vorrai e meno mi vedrai
E meno mi vorrai e più sarò con te
E più mi vorrai e meno mi vedrai
E meno mi vorrai e più sarò con te
E più sarò con te, con te, con te
Lo giuro

Di sere nere
Che non c'è tempo
Non c'è spazio
E mai nessuno capirà
Puoi rimanere
Perché fa male male
Male da morire
Senza te
Senza te
Senza te
Senza te

Noites Escuras

Você pensará novamente nos anjos,
No café quente despertando você,
Enquanto passa distraída a notícia de nós dois.
Dizem que vai me servir pra alguma coisa,
Se não mata, fortifica.
Enquanto passa distraída a sua voz na TV,
Na rádio e o telefone ressoá o seu adeus.

De noites escuras
Que não há tempo,
Não há espaço
E ninguém nunca entenderá.
Você pode ficar aqui,
Porque faz mal, mal,
Mal de chegar a morrer
Sem você
Sem você
Sem você.

Eu pensarei novamente que você não está aqui,
Mas me distrai a publicidade.
Entre os horários e o tráfego trabalho e você está
Entre a varanda e o interfone, dedico a você meus problemas.

De noites escuras
Que não há tempo,
Não há espaço
E ninguém nunca entenderá.
Você pode ficar aqui,
Porque faz mal, mal,
Mal de chegar a morrer
Sem você.

Combati o silêncio falando por cima dele
E amenizei a sua ausência só com meus braços.
E mais você vai me querer e menos você me verá,
E menos você vai me querer e mais estarei com você.
E mais você vai me querer e menos você me verá,
E menos você vai me querer e mais estarei com você.
E mais estarei com você, com você, com você,
Eu juro.

De noites escuras
Que não há tempo,
Não há espaço
E ninguém nunca entenderá.
Você pode ficar,
Porque faz mal, mal,
Mal de morte
Sem você.
Sem você.
Sem você.
Sem você.

musica


Ne me quitte pas, Il faut oublier,
tout peut s'oublier qui s'enfuit deja.
Oublier le temps des malentendus
et le temps perdu a savoir comment.
Oublier ces heures qui tuaient parfois a coups de pourquoi
le coeur du bonheur
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Moi je t'offrirai, des perles de pluie venues de pays
ou il ne pleut pas
Je creusrai la terre jusqu'apres ma mort
pour couvrir ton corps d'or et de lumiere
Je f'rai un domain ou l'amour sera roi
ou l'amour sera loi ou tu sera reine.
Ne me quitte pas
Ne quitte pas
Ne me quitte pas Je t'inventerai
Des mots insensés que tu comprendras
Je te parlerai De ces amants-là
Qui ont vue deux fois Leurs coeurs s'embraser
Je te racontrain L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas Pu te rencontrer
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
On a vu souvent Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux Il est paraît-il
Des terres brûlées Donnant plus de blé Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir Ne s'épousent-ils pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler Je me cacherai là
A te regarder Danser et sourire
Et à t'écouter Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
(Edith Piaf)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ridiculo

Já não se fazem pessoas como antigamente.

Acho que o problema é o Ibope, as pessoas tem que estar sempre na crista da onda.

Nem que pra isso, tenham que se ridicularizar.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Hino dos Malucos (Rita Lee)

Por favor, fiquem de pé para a execução do hino.

Nós, os malucos, vamos lutar
Pra nesse estado continuar
Nunca sensatos nem condizentes
Mas parecemos super contentes
Nossos neurônios são esquisitos
Por isso estamos sempre aflitos
Vamos incertos, Pelo caminho
Nos comportando estranhos no ninho
Quando a solução se encontra, um maluco é do contra
Mas se vai por lado errado, um maluco vai do lado
Malucos, a nossa vida é dar bandeira
ligando a luz da cabeceira,se a água pinga na torneira
Malucos, a nossa luta é abstrata
já que afundamos a fragata,
mas temos medo de barata
Nós, os malucos, temos um lema
Tudo na vida é um problema
Mas nunca tente nos acalmar
Pois um maluco pode surtar
Os nossos planos são absurdos
Tipo gritar no ouvido dos surdos
Mas todo mundo que é genial
Nunca é descrito como normal
Quando o papo se esgota,
um maluco é poliglota
Mas se todo mundo grita,
um maluco se irrita
Malucos, somos iguais a diferença
e todos temos uma crença:
seguir a lei jamais compensa
Malucos, somos a mola desse mundo,
mas nunca iremos muito a fundo
nesse dilema tão profundo
Malucos, a nossa vida é dar bandeira,
ligando a luz da cabeceira,se a água pinga na torneira
Malucos, a nossa luta é abstrata,
já que afundamos a fragata,
mas temos medo de barata

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Remorso

Um dia me perguntaram o que eu entendo sobre remorso.Pra mim, no momento, foi difícil dizer, já que tenho por definição deixar tal termo sofrer alteração de resposta de acordo com a perspectiva que esta sendo abordado.
Por exemplo, tenho remorso
Seria como dizer que tenho arrependimento de algo, de ter julgado de certa forma que agora me julgo incapaz de assumir ou entender tal perspectiva. Mas, se eu sofri algo que me deixou com remorso, acompleicionado a tal fato que me deixou remoçativo poderia dizer que isso não me acarreta arrependimento mas sim um tipo de aversão ao dito fato.
 Então seria como tomar um veneno querendo que o outro morra por efeito efêmero e disforme.  

"O hábito do vício atenua, mas nunca afoga inteiramente a voz dos remorsos."
( Edward Young )